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Guia Rápido #10: Danos e controle do Bicudo da cana-de-açúcar.

07 dez, 2020

Pragas.com®


O Sphenophorus levis (Coleoptera: Curculionidae) é um inseto que teve a sua importância como praga da cana-de-açúcar no Brasil conhecida a partir de 1977 e foi descrito como espécie nova em 1978. Em 1989 o bicudo (S. levis) já tinha sido detectado causando a morte de 50-60% dos perfilhos ainda na fase de cana- planta, com cinco a sete meses de crescimento.

As fêmeas perfuram os tecidos do rizoma com as mandíbulas e realizam as posturas dos ovos ao nível do solo ou abaixo dele. A incubação dos ovos leva de 7 a 12 dias. As larvas de S. levis são esbranquiçadas e escavam galerias no interior e na base da planta ao se alimentarem. A fase de desenvolvimento das larvas leva por volta de 50 dias. No final dessa fase, o inseto pupa no interior de uma câmara com serragem feita por ele.

Após 7 a 15 dias da pupação, emergem os adultos, que são de coloração marrom escura com manchas pretas.  Estes permanecem no solo, sob torrões e restos vegetais ou entre os perfílhos, nas bases das touceiras. Os machos possuem longevidade média de 203 dias e as fêmeas de 224 dias. Cada fêmea pode ovipositar ao longo desse período cerca de 40 ovos, podendo chegar a até 70 ovos.

O ciclo de vida desta espécie pode variar de 40 a 60 dias. Os adultos de bicudo da cana (S. levis) tem pouca capacidade de vôo, o que dá indícios de que a dispersão dessa praga a longas distâncias ocorre mais por mudas que foram retiradas de local infestado. Por caminhada, os adultos podem se dispersar aos poucos para talhões vizinhos.

Ocorrência

O gênero Sphenophorus tem ocorrência em diversos países e em vários continentes, onde várias espécies desse gênero são pragas de culturas de importância econômica do grupo das gramíneas. Nos EUA ocorrem mais de 64 espécies desse gênero e diversas espécies são encontradas também em países da América do Sul, tendo sido descritas 14 espécies no Brasil, incluindo Sphenophorus levis.

Atualmente, no Brasil S. levis encontra-se distribuído em mais de 40 municípios, incluindo as regiões Central (Araraquara, São Carlos, Jaú, etc.); Sul (Assis, Ourinhos); Nordeste (Pradópolis) e Leste (Leme, Pirassununga, Araras, São João da Boa Vista, Santa Cruz das Palmeiras, etc.), estando portanto em quase todas as regiões de cultivos de cana-de-açúcar do estado de São Paulo.

A época mais comum de ocorrência de infestações de Sphenophorus é na época de seca, principalmente entre os meses de abril e outubro nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Paraná. Há registros de ocorrência de picos populacionais para os adultos que sugerem a ocorrência de duas gerações anuais da praga.

Antes da adoção do sistema de colheita da cana crua, as queimadas nos canaviais costumavam manter as infestações dessa praga sob controle. Com a mudança no sistema de colheita, houve um aumento na densidade populacional de Sphenophorus, pois a palhada passou a lhes servir de abrigo.

Danos

As infestações de Sphenophorus costumam ocorrer em reboleiras. Alguns dos sintomas que são observados são a clorose e secamento das folhas.

As larvas de S. levis causam danos diretos se alimentando do rizoma e da parte basal dos colmos, abrindo galerias, bem como danos indiretos, como a proliferação de plantas daninhas devido as falhas ocasionadas pelos perfilhos danificados.

Os danos causados por S. levis podem causar redução da produtividade de até 60%, com prejuízos de até 30 toneladas de cana por hectare. Além disso, afetam a longevidade dos canaviais pois podem levar as plantas atacadas a morte e até mesmo a necessidade de reforma de canaviais ainda jovens, que muitas vezes não passam do segundo corte.

Controle

Como o S. levis sobrevive na palhada da cana, para evitar os danos e perdas por esta espécie o monitoramento é essencial para acompanhar o nível de infestação e realizar o MIP (manejo integrado de pragas), para identificar o momento e a melhor forma de controle da praga.

Podem ser adotadas para o controle do bicudo (S. levis) práticas como controle químico, controle biológico e controle cultural, sendo que é considerada uma das mais eficientes o controle cultural, com a eliminação mecânica das touceiras contaminadas e revolvimento do solo para exposição dos insetos ao sol. Inicialmente também é importante verificar a utilização de mudas sadias para a formação do canavial, para evitar a disseminação do Sphenophorus.

Outras formas de controle são o uso de iscas tóxicas, a manutenção da área destruída livre de vegetação hospedeira por um período superior a 3 meses e o plantio com aplicação do defensivo agrícola fipronil 800 WG (250 g/ha).

Nos EUA e Japão o nematóide entomopatogênico S. carpocapsae está sendo utilizado para controlar de forma eficiente algumas espécies de Sphenophorus, que são pragas importantes em gramados. Essa informação abre possibilidades para estudos com esse e outros inimigos naturais visando controle biológico aplicado de S. levis. Pesquisadores do Instituto Biológico, vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo já estão realizando pesquisas de controle nessa linha.

Pesquisas com Sphenophorus levis

Apesar de diversas formas de controle sendo aplicadas, ainda ocorrem focos de infestação e registros de novas áreas infestadas. Esses fatos transparecem que ainda há dificuldade de controle de S. levis, o que demonstra a importância de pesquisas que buscam o desenvolvimento de novas formas de controle dessa praga, em busca de opções mais eficazes e sustentáveis.

Sphenophorus levis fazem parte do portfólio de coleópteros produzidos pela equipe da Pragas.com. Se você está desenvolvendo algum estudo que necessite da espécie, entre em contato conosco!

Este artigo teve como referências:

http://www.biologico.sp.gov.br/noticia/simbiose-letal

https://www.idgeo.com.br/sphenophorus-levis-o-bicudo-da-cana-de-acucar

http://www.biologico.sp.gov.br/publicacoes/comunicados-documentos-tecnicos/comunicados-tecnicos/alternativa-de-controle-bicudo-da-cana-de-acucar

http://www.biologico.sp.gov.br/noticia/cana-de-acucar-pesquisa-inovadora-do-ib-busca-o-controle-biologico-do-bicudo-principal-praga-da-cultura

https://portalsyngenta.com.br/noticias/bicudo-da-cana-uma-ameaca-a-produtividade-do-seu-canavial

https://www.agrolink.com.br/problemas/bicudo-da-cana-de-acucar_2994.html

http://www.biologico.sp.gov.br/noticia/mais-cana-por-hectare

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